No primeiro texto sobre o assunto “FONTE DE ENERGIA” (faça a busca no site e encontre esta postagem) abordei o uso da fonte imediata de energia (fonte dos fosfagênios) a qual tem um tempo de ressíntese (recarga) de ADP em ATP curto, em torno de 10 a 20 segundos. Hoje abordarei a segunda fonte de energia para o exercício físico… a glicose.
Após a fonte dos fosfagênios (PCr – fosfocreatina) deixar de ser a fonte preponderante de energia do exercício e a glicose passa a ser a fonte de preponderância. Isso ocorrerá após aproximadamente 10 a 20 segundos de exercício intenso, porém devo salientar que neste momento, metabolicamente, a oferta de oxigênio as mitocôndrias musculares é baixo o que faz com que o processo bioquímico de catabolismo da glicose para extração de energia seja, na sua maior parte, anaeróbio.
O metabolismo anaeróbio (sem oxigênio presente no processo bioquímico) da glicose produz uma quantidade de energia superior ao encontrado para a PCr. Para uma molécula de glicose metabolizada três moléculas de ADP são ressintetizadas (recarregadas) a ATP, enquanto que na PCr era recarregada somente um (01) ATP, isto é, era “mano a mano”. Assim, podemos perceber que a glicose, mesmo anaeróbia, é mais rentável que a PCr. Porém, a velocidade de catabolismo e obtenção de energia da PCr é superior a glicose, assim, a velocidade de fornecimento de energia da glicose anaeróbia é menor que a PCr, todavia, embora mais lento o fornecimento de energia quantitativamente ele é maior.
Qual a relação do exposto anteriormente com o exercício físico?
Um exercício de alta intensidade (por exemplo, corrida de 100 metros) que perdura aproximadamente 10 a 15 segundos dependendo do nível do praticante, atleta ou não atleta, terá o seu esforço muscular baseado na energia dos fosfagênios (PCr), e assim, o praticante poderá manter um nível de intensidade de corrida elevadíssimo (máximo) pois a liberação de energia é extremamente rápida.
Porém, uma corrida de 400 metros que perdura entre 45 segundos a 01 minuto e 20 segundos, aproximadamente, será impossível manter a mesma velocidade da prova dos 100 metros, haja vista que, o fornecimento preponderante de energia a partir de 10 a 20 segundos passa a ser da glicose anaeróbia, e por conseguinte, não haverá um fornecimento de energia tão rápido quanto da PCr, e assim, a velocidade de recarga energética decai e, consequentemente, será impossível manter a velocidade máxima de corrida (igual aos dos 100 metros).
Pense neste aspecto relacionado a outros esportes. Por exemplo:
– porque, do ponto de vista fisiológico bioenergético, a marcação sob pressão quadra toda no basquete não é mantida por muito tempo durante uma partida?
– qual o tempo de uma série de aumento de volume muscular (AVM) na musculação? Haveria participação da glicose anaeróbia?
– um ataque, um passe, um levantamento e um saque no voleibol, qual a fonte de energia para execução destes fundamentos esportivos?
– um rally no voleibol de praia feminino que perdura 10 segundos terá a mesma fonte de energia que um rally de 30 segundos?
Creio que ao fazer a reflexão sobre os pontos que coloquei acima você terá condições de analisar melhor a relação entre as fontes de energia (PCr x glicose) com a intensidade possível de executar um exercício.
Para o nosso próximo encontro nos textos sobre “FONTE DE ENERGIA PARA O EXERCÍCIO FISÍCO” iremos abordar um subproduto metabólico do metabolismo da glicose anaeróbia… o lactato. Um abraço e até lá!
FIQUE LIGADO!
Estude, faça a diferença!
Texto produzido pelo Prof. Dr. João Moura – Treino em Foco