Para estabelecer os valores das zonas alvos de trabalho aeróbia, pode-se utilizar as equações preditivas para estimar a frequência cardíaca máxima.
Antes de iniciar um treinamento aeróbio seja, ele de corrida, natação, ciclismo ou até mesmo caminhada é necessário estabelecer uma intensidade e volume de trabalho. A intensidade do treinamento aeróbio está intimamente relacionada ao esforço fisiológico da sessão e, consequentemente as adaptações fisiológicas crônicas a serem geradas. Devido a essa importância, é comum utilizar os valores de frequência cárdica em bpm (batimentos por minuto) para estabelecer as zonas alvo de treinamento. Entretanto, para definir esses valores de frequência cardíaca é necessário estabelecer primeiramente o valor da frequência cardíaca máxima.
Uma forma de estabelecer o valor de frequência cardíaca máxima é através do teste ergoespirométrico. Esse teste é aplicado na maioria das vezes por médicos cardiologistas. A grande vantagem de realizar esses teste é que será obtido o valor real da frequência cardíaca máxima do indivíduo. Porém, a desvantagem desse teste é o seu custo elevado. Dessa forma, passa a não ser acessível a alguns indivíduos. A segunda forma de estabelecer o valor de frequência cardíaca máxima é através de equações preditivas. Ou seja, com essas equações o personal trainer estimará o valor de frequência cárdica. Com isso, ele obterá um valor de frequência cardíaca teórica máxima. Na literatura científica existem inúmeras equações preditivas que foram desenvolvidas para homens sedentários e ativos, mulheres sedentárias e ativas.
Como acontece a regulação intrínseca da frequência cardíaca?
O músculo cardíaco ou miocárdio diferentemente dos outros músculos do corpo mantem o seu próprio ritmo. Ou seja, se ele (músculo cardíaco) fosse deixado com sua ritmicidade inerente realizaria 100 batimentos por minuto (bpm). Entretanto, na parte posterior do átrio direito existe uma pequena massa com aproximadamente 3mm de largura e 1cm de comprimento de tecido muscular especializado, que é denominada de nódulo sinoatrial ou ainda nódulo SA. Esse nódulo tem como característica despolarizar e repolarizar espontaneamente. Com isso, proporcionará o estímulo inato para a ação cardíaca. Por essa característica e funcionalidade o nódulo SA é denominado de marca-passo natural.
Como ocorre a regulação extrínseca da frequência cardíaca?
As alterações nos valores de frequência cardíaca (bpm) ocorrem rapidamente em virtude dos nervos que inervam diretamente o miocárdio e, em consequência de mensageiros químicos que circulam no sangue. Esses controles extrínsecos a função cardíaca aceleram o coração como um processo de antecipação antes de iniciar-se o exercício físico. A seguir, produzem um processo de ajuste fino da frequência cardíaca em relação a intensidade do esforço físico.
O influxo neural proveniente do cérebro e também do sistema nervo periférico “bombardeiam” continuamente o centro de controle cardiovascular, que está localizado no bulbo ventrolateral. Esse centro tem por função principal regular a quantidade de sangue bombeada pelo coração e a distribuição preferencial desse sangue para todos os tecidos do corpo humano.
Quais as influências do influxo neural simpático e parassimpático sobre a regulação da frequência cardíaca?
Os influxos neurais podem exercer influência direta na ritmicidade do miocárdio. Essas influências neurais tem origem no centro cardiovascular e fluem diretamente através dos componentes simpáticos e parassimpáticos do sistema nervoso autônomo. Essas duas divisões simpático e parassimpático operam em paralelo. Entretanto, atuam por vias estruturais e sistemas transmissores totalmente diferentes.
Um ponto importante a salientar é que um grande número de neurônios simpáticos inervam os átrios do coração. Já os ventrículos tanto direto quanto esquerdo recebem quase que exclusivamente fibras de neurônios simpáticos.
Em seguida, apresentaremos como ocorre a influência simpática sobre a frequência cardíaca.
Qual o mecanismo da influência simpática sobre a regulação da frequência cardíaca?
Quando ocorre estimulação dos nervos cardioaceleradores simpáticos ocorrerá liberação de catecolaminas, sendo elas: epinefrina (adrenalina) e norepenifrina (noradrenalina). Quando esses neuro-hormônios são liberados ocorrerá aceleração da despolarização do nódulo SA. Com isso o coração baterá mais rápido. Esse fenômeno é denominado de efeito cronotrópico. As catecolaminas liberadas (noradrenalina e adrenalina) fazem com que haja um aumento da contabilidade miocárdica, fazendo com que haja um aumento da quantidade de sangue bombeada pelo coração em cada batimento. Uma curiosidade é que a força de contração ventricular quase duplica na vigência de uma estimulação simpática máxima. Por sua vez, esse fenômeno fisiológico é denominado de efeito inotrópico.
A adrenalina ou epinefrina, liberada e lançada no sangue pela porção medular das glândulas suprarrenais durante a ativação simpática geral, produzirá um efeito taquicardíaco semelhante ao da liberação das catecolaminas pelos neurônios simpáticos. Entretanto, a sua ação será mais lenta sobre a função cardíaca.
Como ocorre a influência parassimpática sobre a regulação da frequência cardíaca?
Quando os neurônios parassimpáticos são estimulados ocorrerá a liberação de acetilcolina. Esse neurotransmissor tem por característica produzir uma redução ou retardar o ritmo da descarga sinusal. Ou seja, tem por caraterística retardar a quantidade de despolarização e consequentemente repolarização do nódulo SA por minuto. Com isso, a frequência cardíaca tornara-se mais lenta.
É comum que muito atletas bem treinados por exemplo em endurance apresentem um valor de frequência cardíaca reduzida em repouso, ou seja, abaixo de 60bpm. Esse fenômeno é denominado de bradicardia. Essa adaptação ou fenômeno fisiológico potencialmente ocorrerá em virtude de uma estimulação do par de nervos vagos, cujos seus corpos celulares tem origem no centro cardioinibidor do bulbo. Entretanto, um ponto importante a salientar é que a estimulação parassimpática não exercerá nenhum efeito sobre a contratilidade miocárdica.
No início e durante o exercício de baixa ou moderada intensidade, a frequência cardíaca aumenta por inibição da estimulação da estimulação parassimpática. Porém, durante a realização de um exercício vigoroso por exemplo de cunho aeróbio, a frequência cardíaca aumenta por inibição da estimulação parassimpática e ativação direta dos nervos cardioaceleradores simpáticos.
Como o comando central (influxo neural dos comandos superiores) exerce influência na regulação da frequência cardíaca?
Os impulsos neurais desenvolvidos no centro do comando central somatomotor superior do cérebro modulam continuamente a atividade bulbar. O centro motor tem como principal característica produzir estímulos neurais para recrutar os músculos necessários para produzir um ato motor, para desenvolver uma atividade ou exercício físico. Esses impulsos “descem” pelos pequenos nervos aferentes através do centro cardiovascular no bulbo.
Esses influxos neurais coordenaram os ajustes rápidos do coração e dos vasos sanguíneos. Ou seja, esses influxos neurais terão influência direta sobre a frequência cardíaca, valores de pressão arterial e perfusão sanguínea ao tecidos. Esse fenômeno fisiológico operará durante o período de antecipação que precederá o exercício e durante o estágio inicial do mesmo. Um ponto importante a salientar, é que a estimulação do córtex motor do bulbo aumentará com o tamanho da massa muscular ativada no exercício. Ou seja, quanto maior a massa muscular recrutada para realizar um determinado ato motor, maior será os valores de frequência cardíaca em uma visão teórica. Os livros de fisiologia do exercício apresentam que o comando central proporciona o principal controle sobre a frequência cardíaca durante o exercício.
Qual o papel do influxo neural sobre a regulação da frequência cardíaca?
O centro cardiovascular recebe continuamente durante o exercício físico um influxo sensorial reflexo dos receptores periféricos presentes nos vasos sanguíneos, articulações e músculos. Dessa forma, os quimiorreceptores e mecanorreceptores localizados dentro do músculos e sua árvore vascular monitoram seu estado físico e químico. Os impulsos aferentes provenientes desses receptores que são fibras finas e de condução lenta nos grupos III e IV dos aferentes provenientes dos corpúsculos de pancini e dos receptores das terminações nervosas não encapsuladas proporcionam um feedback rápido.
Esse influxo neural (feedback) modifica o fluxo anterógrado parassimpático ou simpático de forma a induzir uma reposta cardiovascular apropriadas a intensidade do exercício que está sendo realizado. Ou seja, com isso regulação por exemplo da frequência cardíaca. Ocorrerá também ativação dos aferentes quimicamente sensorial dentro do interstício do músculo. Isso ajudará a rápida regulação e ativação neural simpática durante o exercício. Os metabólitos produzidos principalmente durante a fase concêntrica dos exercícios estimulam esses metaborrreflexo.
Como realizar o cálculo da frequência cardíaca para um treinamento aeróbio?
Como já foi apresentado no programa anterior é muito importante realizar o monitoramento dos valores de frequência cardíaca durante a pratica do exercício físico aeróbio. Esse fator passa se importante pois os valores de frequência cardíaca estão intimamente relacionados a intensidade do exercício. Por sua vez, a intensidade é uma das variáveis que está ligado ao grau de adaptação fisiológica crônico do indivíduo. Diante disso, deve-se programar zonas alvo de treinamento coerente ao objetivo seu ou do seu cliente caso você trabalhe como personal trainer.
Para estabelecer as zonas alvos de treinamento aeróbio primeiramente é necessário identificar o valor de frequência cardíaca máxima. Uma das formas de identificar o valor de frequência cardíaca máxima para posterior cálculo das zonas alvo de treinamento é através de um teste de esforço máximo progressivo, ou seja, o teste ergométrico. Na maioria das vezes esse teste é realizado por médicos cardiologistas. Caso esse teste de esforço máximo seja realizado com coleta de gases potencialmente obtém-se um valor real de frequência cardíaca máxima. Entretanto, um teste ergoespirométrico tem um custo elevado para muitas pessoas.
Diante disso, uma outra forma de estabelecer os valores de frequência cardíaca máxima é através de equações preditivas. A literatura científica apresenta inúmeras equações. As equações preditivas de Karvonen et al. (1957), Jones et al. (1975) e Tanaka et al. (2001) foram desenvolvidas para ambos os sexos. Já as equações de Hossack et al. (1981) e Calvert et al. (1977), foram desenvolvidas apenas para mulheres. Entretanto, as equações de Sheffiel et al. (1965) foi desenvolvida para homens sedentários, Scheffield et al. (1965) foi desenvolvida para homens ativos, Calvert et al. (1977), e Branco et al. (2004) para corredores fundistas.
Porém, é preciso atentar que utilizando essas equações citadas acima no texto o indivíduo obterá um valor de frequência cardíaca teórica máxima. Ou seja, os valores obtidos apresentaram uma margem de erro, devido ao fator de predição e não determinação. Todavia, é preciso reforçar que esses equações são validadas cientificamente. Dessa forma, seus erros de predição são aceitáveis.
Seguidores, não percam a vídeo aula de hoje e observem as orientações do professor João Moura sobre os cálculos dos valores de frequência cardíaca máxima.
Olá, João e amigos, gostaria de fazer uma pergunta, por qual razão acontecem os estalos nas articulações durante uma atividade física? Obrigado
Olá Vand! Esses estalos nas articulações vem acompanhados de alguma dor? Preste atenção nisto. Estalos podem ser sinal de pouca flexbilidade.