Eletromiografia

Agachamento – Inclinação do tronco altera a ativação muscular?

Please log in or register to do it.

Ocorre alteração na ativação muscular ao se realizar o agachamento com diferentes inclinações do tronco?

É muito comum observamos alunos/clientes executando o exercício de agachamento com uma certa inclinação do tronco. O primeiro ponto que se deve ter em mente é que ao realizar essa inclinação do tronco a frente, se estará executando uma flexão do quadril em cadeia cinética fechada. Respondendo à pergunta, sim ocorre uma alteração na ativação muscular ao se realizar o agachamento com diferentes inclinações do tronco.

Assim, nesta vídeo aula analisamos a ativação eletromiográfica do vasto lateral, reto femoral, bíceps femoral, gastrocnêmio lateral e eretores da espinha. Diante disso, o modelo executou três variações de posicionamento do tronco: 1) tronco mais ereto possível; 2) tronco com uma inclinação pequena; 3) tronco com uma inclinação mais acentuada. Desta forma observou-se que quanto maior a inclinação do tronco maior foi o sinal eletromiográfico para eretores da espinha, bíceps femoral e gastrocnêmio lateral. Por outro lado, ocorreu uma redução na ativação eletromiográfica para vasto lateral e reto femoral com a maior inclinação. Já quando se realizou o agachamento com o tronco mais ereto, isto é com uma menor inclinação do tronco, ocorreu uma redução na ativação eletromiográfica dos eretores, gastrocnêmios, bíceps femoral, e um maior ativação por parte do vasto lateral e reto femoral.

Treino_em_foco_agachamento_inclinação_atividade_eletromiográfica

Mas, por que ocorre alteração na ativação muscular ao realizar uma maior inclinação do tronco a frente no agachamento?

Ao realizar o agachamento com uma maior inclinação, ocorre um aumento no braço de momento da alavanca para a região lombar da coluna vertebral, e quadril. Assim, o torque resistivo para flexão da coluna vertebral e quadril torna-se maior. Com isso, ocorre uma maior exigência muscular para os eretores da coluna para evitar a tendência mais forte de flexão toracolombar da coluna vertebral, e maior ativação do bíceps femoral para realizar a maior amplitude de extensão do quadril em conjunto com o glúteo máximo. Já o gastrocnêmio tem maior ativação em virtude de uma maior tendência de dorsiflexão e deslocamento do tronco a frente com a maior inclinação.

Por sua vez, ocorre uma redução na ativação do vasto lateral e reto femoral, em virtude de se produzir uma redução no braço de momento da alavanca para o joelho, pois ao projetar o tronco a frente a resistência (barra+anilhas) fica mais próxima do joelho. Com isso, o torque para flexão do joelho é menor e consequentemente a ação dos componentes do quadríceps para realizar a extensão também será menor. Desta forma, repercutindo em uma ativação eletromiográfica menor.

Treino_em_foco_agachamento_inclinação_atividade_eletromiográfica

O que se pode levar para a prática?

Portanto, é importante que o personal trainer oriente o seu aluno/cliente a executar o agachamento com o tronco mais ereto, pois se produz uma maior ativação sobre o vasto lateral e reto femoral. Este é uma estratégia coerente tendo em vista que o objetivo principal do agachamento é trabalhar o quadríceps.

Por outro lado para um aluno/cliente que apresenta esta se recuperou de algum tipo de lesão na coluna vertebral, e foi liberado para a execução do agachamento livre, não é interessante realizar com uma inclinação do tronco grande. Pois, como demonstrado na vídeo aula ocorreu uma maior ativação dos eretores que também repercuti em maior carga sobre a coluna vertebral. Pois além de sofrer a carga axial produzida pela resistência (barra+anailha), que também dependerá da quilagem aplicada, uma maior intensidade da contração do eretores repercutirá em maior carga sobre disco intervertebral.

Por fim, executar o agachamento com uma maior inclinação para estressar mais o bíceps femoral, ou seja os posteriores da coxa também não entendemos como algo produtivo. Pois, além de se ter uma maior carga sobre a coluna vertebral como descrito acima, a grau de estrasse sobre isquiotibiais não é tão grande no agachamento quando comparado a exercícios específicos (stiff, mesa ou cadeira flexora). Isto ocorre em virtude do paradoxo de lombard. Além disso, estudos tem demonstrado que ocorre um menor grau de hipertrofia muscular nos isquiotibiais no agachamento.

O que é fase Concêntrica e Excêntrica?
O que é músculo agonista, antagonista e estabilizador?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *