Fisiologia da Corrida

Alterações fisiológicas agudas do VO2 máx

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VO2 máx é a medida mais extensamente utilizada para identificar o nível de aptidão cardiopulmonar ou cardiorrespiratória de um indivíduo.

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O que é consumo máximo de oxigênio ou VO2 máx?

A medida do consumo máximo de oxigênio ou VO2 máx constitui o meio mais válido de determinar a potência aeróbica máxima ou de um indivíduo durante a realização de um exercício. De um modo geral o VO2 máx é aceito como a melhor medida de capacidade funcional do sistema cardiorrespiratório. O VO2 máx tem por característica representar a capacidade do corpo de absorver, transportar e utilizar o gás oxigênio para a produção de energia (ressíntese de ATP).

É importante salientar que alterações na ventilação, perfusão (maior permuta gasosa de oxigênio na interface alveolocapilar), no transporte central (frequência cardíaca e volume de ejeção) e na utilização periférica (extração tecidual) podem todas influenciar positivamente ou negativamente os níveis de VO2 máx. É necessário salientar, que o nível do VO2 máx dependerá da idade, sexo, dimensão e composição corporal dos indivíduos. Tanto mulheres e homens alcançam sua potência aeróbio máxima entre os 15 a 20 anos de idade. Para a população de um modo geral, ocorrerá declínios graduais do VO2 máx, com o avançar da idade, que começa a partir dos 30 anos, ocorrendo queda de 10% a cada década de vida. Todavia, esse declínio nos níveis de VO2 máx ocorrerá muito mais em virtude de um maior grau de inatividade física observado com o avanço da idade. Pois muitos estudos demonstram que o ritmo do declínio poderá ser reduzido acentuadamente quando é adotado um esquema regular de exercícios físicos.

Os níveis de VO2 máx das mulheres são em média 15% a 25% abaixo dos homens. Existem dois motivos para essa situação. Primeiro, as mulheres de um modo geral possuem maiores níveis de gordura corporal essencial (14% a 15%), quando comparado aos níveis identificados nos homens (5% a 7%). Segundo, a concentração de hemoglobina das mulheres é 5% a 20% em média mais baixa, quando comparado os níveis identificado nos homens. A hemoglobina é uma proteína encontrada dentro das hemácias e que possui o elemento ferro em seu interior para facilitar o transporte do gás oxigênio dos pulmões, através da circulação sanguínea até os músculos estriados esqueléticos. Diante disso, é lógico imaginar que um nível de hemoglobina reduzida também possa contribuir para um nível de VO2 máx menor. Porém, no desempenho atlético, a única relação significativa é entre o VO2 máx e o peso corporal, pois a maioria dos exercícios o movimento do peso corporal total exerce um grande impacto sobre o rendimento de potência.

O VO 2máx pode ser enunciado matematicamente através da equação de Fick, ou seja:

Vo2máx (ml/Kg/mim) = FC (bpm) x VS (ml/batimento) x diferença arteriovenosa (dif a-Vo2).

Diante disso, fica evidenciado que mecanismos reguladores tanto centrais, quanto periféricos podem afetaram a magnitude dos valores do VO2 máx. O valor do VO2 máx poderá ser apresentado em bases absolutas ou relativas.  O VO2 máx absoluto utiliza habitualmente as unidades de litros por minuto, ou seja, refletindo a produção de energia corporal e o dispêndio calórico. Entretanto, nessa forma de medida não é levado em consideração as diferenças no peso corporal. Por outro lado, o VO2 máx relativo, divide o valor do VO2 máx absoluto pelo peso corporal em quilogramas, sendo tipicamente relatado em ml/Kg/min ou MET. Já que as pessoas mais corpulentas em geral possuem VO2 máx absoluto maior em virtude de uma maior massa muscular, dessa forma, a última expressão torna possível uma comparação mais equitativa entre os indivíduos com diferentes massas corporais. Como já apresentado acima no texto, essa medida é considerada como o melhor indicador isolado da capacidade de realizar trabalho físico ou de aptidão cardiorrespiratória. Em termos de aptidão cardiorrespiratória, quanto maior for o valor do VO2 máx, melhor será a capacidade cardiorrespiratória do indivíduo.

Links relacionados ao seu guia de estudo sobre o tema:

Quando falamos de absorção de oxigênio no VO2 máx, ao que estamos nos referindo?

Quando estamos falando de VO2 máx, e estivermos nos referindo a absorção de oxigênio estamos falando na capacidade pulmonar alveolar em absorver o gás oxigênio do meio ambiente. Ou seja, é necessário aumentar a capacidade pulmonar de introduzir o ar ambiente e consequentemente o gás oxigênio para dentro dos pulmões, particularmente para dentro dos alvéolos pulmonares. Pois é nesse local (alvéolos pulmonares) que ocorre a troca gasosa, ou seja, a dissipação do gás dióxido de carbono e a introdução do gás oxigênio no sangue.

Diante disso, para realizar uma ótima absorção do gás oxigênio para dentro dos pulmões e principalmente alvéolos, durante o ato de inspiração será necessário uma forte contração dos músculos diafragma e intercostais, para que se produza uma forte expansão da caixa torácica, tanto no sentido vertical quanto transversal. Com isso, o indivíduo conseguirá projetar uma maior quantidade de ar para dentro do corpo e consequentemente maiores níveis de gás oxigênio. Já os músculos reto abdominal, oblíquo interno e externo, também terão influência direta em um teste por exemplo ergoespirométrico para identificar o valor de VO2 máx, pois um aumento de trabalho dos mesmos proporcionará maior capacidade de exalar o gás dióxido de carbono durante a expiração.  Dessa forma, esse é um dos processos responsáveis durante o exercício para uma maior absorção de oxigênio e que irá contribuir para um ótimo nível de VO2 máx.

Quando estávamos falando de transporte de oxigênio durante o VO2 máx, a que estamos no referindo?

Quando nos referimos ao transporte do oxigênio como um dos componentes constituintes da medida do VO2 máx, estamos falando da capacidade circulatória de transporte do gás oxigênio. Os alvéolos pulmonares são circundados por capilares sanguíneos. Dessa forma, o sangue e principalmente as hemácias que passam pelos capilares que circundam ao alvéolos pulmonares, irão “capitar” o gás oxigênio que encontra-se no ar dentro dos alvéolos. Dessa forma, os capilares alveolares são os primeiros responsáveis pelo transporte de oxigênio dentro do corpo do indivíduo.

Como citado no parágrafo anterior, as hemácias são as responsáveis por carrear a maior parte de oxigênio presente na corrente sanguínea e também distribuir para os vários tecidos, sendo um deles o tecido muscular. É importante lembrar a vocês seguidores, que dentro das hemácias está presente uma proteína denominada de hemoglobina. Junto a hemoglobina ocorre a presença elemento ferro que tem alta afinidade com o gás oxigênio. Ou seja, para que o gás oxigênio seja transportado pelas hemácias por exemplo em um teste de VO2 máx, o mesmo deverá estar acoplado ao elemento ferro que encontra-se dentro da proteína hemoglobina que por sua vez está dentro das hemácias.

Diante disso, podemos entender que quanto maior a capacidade do corpo de absorver e transportar o oxigênio através da circulação (maior concentração de hemácias na corrente sanguínea), potencialmente maior será os níveis de VO2 máx. Um último ponto a salientar no momento do transporte por exemplo em um teste de VO2 máx é que, o miocárdio aumentará sua capacidade de contração, ou seja, com isso aumentara-se o DC, produzindo assim maior demanda de sangue e consequentemente gás oxigênio para o músculos ativos.

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E quando nos referimos a utilização de oxigênio durante o VO2 máx, do que estamos falando?

Quando nos referirmos a esse ponto durante a mensuração do nível de VO2 máx, estamos nos referindo a capacidade da célula muscular de captar e utilizar esse gás oxigênio transportado. O músculos são circundados por capilares. Dessa forma, o sangue arterial (rico em oxigênio) chega ao tecido muscular através dos capilares (microvasos sanguíneos). Em seguida o gás oxigênio é absorvido pelo tecido muscular que “entrega” a hemoglobina o gás dióxido de carbono. Ou seja, o capilares são responsáveis pelo troca gasosa que ocorre a nível muscular.

Para um boa absorção de oxigênio presente na circulação (transporte) será necessário um bom volume de trabalho das mitocôndrias musculares que são as usinas de energia dentro da célula muscular. Ou seja, se o indivíduo tiver uma grande capilarização em torno das fibras acionadas, um maior volume e números de mitocôndrias dentro dessas mesmas fibras musculares acionadas durante o teste, potencialmente o seu nível de VO2 máx será maior, quando comparado ao indivíduo que não possui um conteúdo de mitocôndrias, grandes e menor capilarização.

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O que ocorre com os valores de VO2 máx após a prática sistemáticas de treinamentos de endurance?

O consumo máximo de oxigênio ou VO2 máx, normalmente aumento como resultado da prática sistemática de treinamento de endurance. Porém, a magnitude do aumento dependerá do tipo de programa realizado, ou seja, da intensidade e volume das sessões de treinamento. Aprimoramentos entre 5% a 30% são comumentemente relatados nos valores de VO2 máx. Ocorrem melhoras rápidas no VO2 máx. durante os primeiros dois meses de um programa de treinamento de endurance. Todavia, após esse período os aprimoramentos continuam ocorrendo porém em um ritmo mais lento. Esse padrão de incrementos nos valores de VO2 máx, parecem ser independentes do sexo e é consistente ao longo de uma ampla gama etária. Entretanto, a literatura científica aborda que indivíduos idosos poderão necessitar de um maior tempo para produzir aumentos importantes no VO2 máx com a prática de treinamentos de endurance.

Os aprimoramentos nos níveis de VO2 máx. resultarão de adaptações cardiovasculares centrais e periféricas. Convém lembrar como apresentado acima no texto que o VO2 máx pode ser calculado como o produto do Débito Cardíaco (DC) e da diferença arteriovenosa de oxigênio (dif a-VO2). Os valores de DC aumentarão como resultado do treinamento sistemático de endurance. Com isso, esses aumentos representação a adaptação cardiovascular central responsável por incrementos nos níveis de VO2 máx. Já a dif-a VO2 reflete a capacidade de extração dos músculos do oxigênio presente na circulação. Diante disso, um incremento nessa capacidade (extração de oxigênio pelo tecidos) representará a adaptação cardiovascular periférica que repercutirá na melhora dos valores de VO2 máx. Porém, a mudanças no DC constituem uma adaptação ao treinamento mais consistente que as mudanças na dif a-VO2 e parece que o volume sistólico é o principal responsável pelo aumento no DC.

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Ocorrem aprimoramentos nos níveis de VO2 máx. com a prática de Treinamento Resistido com Pesos (TRP) ou musculação?

Pequenos incrementos entre 4 % a 9% no VO2 máx, foram relatados por alguns estudos em indivíduos que praticavam levantamento de pesos tipo olímpico. O VO2 máx. de levantadores de peso olímpico, basistas e fisiculturistas é de aproximadamente 41 a 55 mL/Kg/min. Essas valores são classificados como moderados e relativamente acima da média. Essas flutuações identificadas, indicam que a prática sistemática do TRP poderá produzir incrementos nos valores de VO2 máx. Porém, nem todos os programas levam a incrementos.

O treinamento de força tradicional de alta intensidade, aonde os indivíduos utilizam quilagens elevadas com poucas repetições (com enfoque na melhora dos níveis de força muscular) e intervalos de descanso entre as séries longos, potencialmente resultará em pouca ou nenhuma alteração nos valores de VO2 máx. Alguns estudos identificaram que um programa olímpico de levantamento de peso de sete semanas poderá resultar em ganhos moderados no VO2 máx. Os pesquisadores ainda apontam que para incrementos nos níveis de VO2 máx através da prática do TRP, parece   necessário a realização de sessões de TRP com alto volume. Por sua vez, alguns estudos científicos identificaram incrementos entre 4 % a 8% nos níveis de VO2 máx. com a realização de TRP em forma de circuito durante oito a 20 semanas em mulheres.

Para que haja alteração nos valores de VO2 máx, é necessário que a frequência cardíaca seja mantida no mínimo a 60% do seu máximo, segundo orientações do colégio americano de medicina do esporte. A FC e o custo metabólico total durante uma sessão de TRP cm circuito é potencialmente mais alto do que uma sessão com caraterística tradicional no TRP como citado acima no texto.  Essas características apresentadas acima, pode explicar em partes porquê os incrementos nos níveis de VO2 máx, são maiores com a realização do TRP em circuito. Além disso, o tempo de descanso relativamente longo entre as séries em programas tradicionais de treinamento de força de alta intensidade (visando o desenvolvimento de força muscular) permite que os valores de FC diminuam abaixo dos 60% da FC máxima. Dessa forma, programas de TRP que intencionam aumentar o VO2 máx. devem constituir em treinamento com grandes volume e curtos intervalos de descanso entre as séries de exercícios. Com isso, podemos refletir que a forma de realização das sessões de TRP visando o aumento do volume muscular (hipertrofia muscular) que são realizadas com alto volume e intensidade moderada com intervalos de descansos curtos, poderá produzir maiores incrementos nos valores de VO2 máx, quando comparado às sessões que visam aumentar os níveis de força muscular.

É importante salientar que aumentos no valores de VO2 máx causados pela prática do TRP são substancialmente menores do que os incrementos causados a programas tradicionais de endurance. Diante disso, se o objetivo principal do indivíduo seja aumentar seus níveis de VO2 máx, é importante que o mesmo realize treinamento aeróbios.

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Seguidores, não percam a vídeo aula de hoje e analisem as explicações do professor João Moura sobre o VO2 máx.

 

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