Fisiologia da Corrida

Ocorre resposta cardiovascular aguda na musculação?

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Em uma sessão de treinamento resistido com pesos ou musculação a magnitude da resposta cardiovascular aguda dependerá da dose de carga de esforço aplicada.

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Durante a realização de uma sessão de treinamento resistido com pesos ou musculação como ocorre a resposta cardiovascular aguda?

Durante a execução de uma sessão de Treinamento Resistido com Pesos (TRP) ou musculação ocorrerá uma resposta cardiovascular aguda. Dessa forma, a prática dos exercícios resistidos proporcionará diretamente, um aumento na Frequência Cardíaca (FC) e nos valores de Pressão Arterial (PA). Com isso, deve-se esperar indiretamente incrementos nos valores de Débito Cardíaco (DC) e do Duplo Produto (DP). A modificação na resposta cardiovascular aguda dessas variáveis apresentadas acima serão mediadas pela ativação do sistema nervoso simpático. Pois a liberação das catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) devido a estimulação do sistema nervoso autônomo simpático, afetará a permeabilidade aos íons sódio e cálcio no músculo cardíaco e a resistência vascular periférica.

Os valores de FC representarão a quantidade de trabalho que o coração terá que fazer para atender as demandas metabólicas produzidas pela sessão de TRP. A elevação da PA perante os exercícios resistidos será realizada diretamente pelo sistema nervoso autônomo simpático. Entretanto, também será influenciada pelos aumentos nos valores de FC, volume sanguíneo de ejeção ventricular e aumento da resistência periférica.  Por sua vez, o DC aumenta em virtude de elevações na FC, do volume sistólico de ejeção e da contrabilidade miocárdica. Por fim os aumentos nos valores do DP dependerão das elevações da FC e PA. Essa variável cardiovascular DP, é considerada pela literatura o melhor indicador indireto não invasivo para avaliar o trabalho do miocárdio durante o repouso e esforços. Dessa forma, sendo um indicador de sobrecarga cardíaca em exercícios de força.

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Quais os mecanismos fisiológicos que produzem a resposta cardiovascular aguda da variável frequência cardíaca durante o TRP ou musculação?

A variável frequência cardíaca representa um dos principais parâmetros que fornecem o nível de resposta cardiovascular aguda para uma determinada dose de carga de esforço aplicada ao organismo. Ou seja, a frequência cardíaca reflete a quantidade de trabalho que o coração está realizando para atender a dose de carga de esforço aplicado durante a sessão de treinamento.

Em uma sessão de TRP realizado com contrações isométricas (estática) e dinâmicas (concêntrica e excêntrica) com altas intensidades ocorrerá uma maior carga volumétrica no ventrículo esquerdo. Com isso a resposta cardiovascular aguda da frequência cardíaca será proporcional a massa muscular envolvida na contração, a força voluntária máxima produzida e a duração da contração ou tempo de tensão muscular. É preciso ter em mente que os fatores metodológicos de uma sessão de TRP influenciam diretamente a intensidade e magnitude da resposta cardiovascular aguda da frequência cardíaca. Algumas pesquisas apresentam que os valores máximos da frequência cardíaca ocorrem durante as últimas repetições de uma série até a falha momentânea concêntrica. Os maiores valores de FC são identificados em séries com número de repetições entre 12 a 15 Repetições Máximas (RM), quando comparado a séries aonde os indivíduos realizam um menor número de repetições máximas, por exemplo seis repetições máximas. Diante disso, pode-se notar que em uma sessão de TRP visando o desenvolvimento de hipertrofia muscular, aonde costumeiramente trabalha-se com quilagens que proporcionam aos indivíduos realizarem entre 15, 12 até oito RM os valores de frequência cardíaca potencialmente serão mais elevados do que os valores obtidos em sessões que visem o desenvolvimento de força muscular.

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O efeito somativo de séries de um mesmo exercício também contribuirá para as reposta cardiovascular aguda variável FC durante a sessão de TRP. Ou seja, em virtude de um acúmulo de resíduos metabólicos da primeira série, potencialmente os valores de FC obtidos ao final da segunda série do mesmo exercício serão mais elevadas em decorrência de um maior acúmulo de resíduos metabólicos, que ativarão os quimiorreceptores. Esse fenômeno será ainda mais pronunciado se o intervalo entre as series for curto. Pois dessa forma, não ocorrerá tempo suficiente para a remoção dos resíduos metabólicos e reestabelecimento do Ph celular, para redução da acidose muscular.

Dessa forma, deve-se entender que uma sessão de TRP em todos os grupos populacionais provocará redução da atividade vagal e aumento na ativação do sistema nervoso autônomo simpático. Com isso, aumentando a secreção de hormônios como a noradrenalina e adrenalina e proporcionando elevação do valores de FC. De acordo com o tempo de contração realizado, ou seja, o tempo de tensão muscular, quanto maior for esse tempo maior será a elevação dos valores de FC. Isso ocorrerá em virtude de um maior tempo de estimulação adrenérgica sobre o nódulo sinusal ou pelas maiores concentrações de noradrenalina sanguínea. Um último ponto a salientar é que a noradrenalina infiltra-se no sangue através das fendas sinápticas e produz estimulação dos receptores alfa e beta 1. Essa estimulação citada produzirá um aumento significativo da FC e da força de contrabilidade do miocárdio.

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Como ocorre a resposta cardiovascular aguda da variável pressão arterial durante a realização de uma sessão de TRP ou musculação?

A variável cardiovascular Pressão Arterial (PA) é uma resultante da multiplicação do débito cardíaco e resistência periférica. PA pode ser definida como o atrito causado pelo fluxo sanguíneo na parede dos vasos sanguíneos. A PA é definida por dois valores distintos, sendo eles, PA sistólica e PA diastólica. O valor da PA sistólica representa a mais alta medida nas artérias e, corresponderá a sístole ventricular, ou seja, a força ao qual ocorre a contração do ventrículo esquerdo para ejetar o sangue arterial por toda a circulação sistêmica. Por outro lado, o menor valor representa a PA diastólica e corresponde a reação das paredes arteriais sobre o sangue e representa a diástole ventricular.

Durante a realização de uma sessão de TRP ou musculação ocorre uma resposta cardiovascular aguda da variável PA sistólica e diastólica. A elevação dos valores de PA é regulada ou influenciada pela magnitude do acionamento do sistema nervoso simpático. A resposta da PA também é influenciada pelos aumentos da FC, volume sistólico de ejeção e o aumento da resistência periférica.

A elevação da PA durante o esforço físico é uma ocorrência normal mediado pelo sistema cardiovascular. Porém, é importante compreende-lo fisiologicamente. O mecanismo barroflexo arterial funciona como um regulador do comportamento da PA, para manter os valores de PA dentro de um determinado limite de variação. Por outro lado, o mecanismo central representa a atividade dos centros fisiológicos encefálicos, que concomitantemente produzem alterações nas atividades eferentes simpática e parassimpática durante a realização de exercícios.

Outro mecanismo que influencia a magnitude das resposta cardiovascular aguda da PA durante a realização de uma sessão de TRP ou musculação é a liberação de metabólitos dos músculos (ácido lático e CO2) ativos. Isso acarretará um aumento da osmolaridade do liquido intersticial. A liberação dessas substâncias citadas acima poderá produzir estimulação de terminações nervosas sensíveis a alterações químicas, os quimiorreceptores periféricos. Esses receptores produzem feedback com o centro de controle cardiovascular, promovendo aumento significativo da atividade simpática e por sua vez aumento dos valores de PA. Em consequência, os quimiorreceptores centrais, que estão localizados no bulbo, detectarão as alterações na pressão de oxigênio com aumento parcial de Co2 no sangue arterial. Com isso, emitiram influxos neurais aferentes ao centro cardiovascular, sobre a necessidade de modificar as repostas cardiovasculares.

Um outro fator que favorecerá os incrementos nas respostas da PA, pode ser o número de unidades motoras solicitadas durante o exercício. Neste situação o mecanismo de ajuste cardiovascular a demanda de trabalho será advindo da influência dos mecanorreceptores. Esses receptores sensoriais serão estimulados em virtude da força, velocidade de movimento, tensão e do grau de estiramento do grupo muscular que estão seno envolvido no exercício.

O aumento da pressão intratorácica e intra-abdominal também tem efeito direto sobre a resposta da PA durante o TRP ou musculação. Potencialmente a pressão intratorácica aumenta durante a execução dos exercício de TRP. Isso ocorrerá especialmente quando os praticantes produzem a manobra de valsava. O aumento na pressão intratorácica potencialmente poderá diminuir o retorno venoso ao coração e, assim, diminuir o valor do DC. Dessa forma, ao limitar o retorno venoso e consequentemente o DC, ao mesmo tempo ocorrerá um aumento gradual de sangue na circulação sistêmica. O que por sua vez, causará um aumento nos valores de PA.

Um último ponto a salientar é que o aumento da pressão intramuscular durante o exercício de força, potencialmente aumentará a resistência periférica total e obstrui o fluxo sanguíneo. Dessa forma, segundo a literatura o aumento da pressão intramuscular durante o exercício é a razão mais provável de os valores de PA serem observados durante a fase concêntrica do movimento.

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Como ocorre a resposta cardiovascular aguda do variável débito cardíaco durante uma sessão de TRP ou musculação?

A variável cardiovascular Débito Cardíaco (DC) pode ser definida como a quantidade de sangue que ejetada pelo coração a cada um minuto. O DC é resultado da multiplicação dos valores de FC e volume sistólico de ejeção. A alteração dos valores de DC durante a prática exercício físicos ocorrerá proporcionalmente a demanda metabólica, ou seja, em virtude da demande de oxigênio exigida pelos músculos ativos.

Durante a progressão do esforço físico o DC sofrerá uma imediata elevação, seguida por aumentos graduais até que alcance-se um platô máximo. Esse mecanismo apresentado acima ocorrerá pelo aumento do fluxo sanguíneo para os músculos ativos, em razão da vasodilatação local (produzida pelo resíduos metabólicos) e redução do fluxo sanguíneo em regiões esplandicas e renal em virtude da vasoconstrição simpática.

Em uma sessão de TRP ou musculação o volume sistólico de ejeção apresenta aumentos significativos durante a fase excêntrica, quando comparado com ao valores observados durante a fase concêntrica. Com isso, ocorrerá uma alteração nos valores do DC, pois como apresentado acima no texto a resposta cardiovascular aguda do DC é influenciado pela magnitude dos valores de volume sistólico de ejeção.

O DC na fase excêntrica tenderá a ser muito superior ao valores identificados em repouso. Já durante a fase concêntrica, potencialmente aparecerá acima do valores de repouso, entretanto nem sempre significativos. Segundo a literatura um padrão geral tanto para exercícios envolvendo grandes grupos musculares como pequenos, durante uma sessão de TRP em relação ao volume sistólico de ejeção a o DC é que os maiores valores ocorrerão durante a fase excêntrica do movimento. O volume sistólico de ejeção são geralmente inferiores aos valores de repouso durante e fase concêntrica e superiores durante a fase excêntrica. Já por sua vez, o DC durante a fase excêntrica em exercícios que envolvem pequenos e grandes grupos musculares são geralmente superiores aos valores de repouso. Porém, o DC durante a fase concêntrica dos exercícios envolvendo grandes e pequenos grupos musculares também serão superiores aos valores de repouso, mas , em exercícios para pequenos grupos musculares, os valores podem ser superior ou inferiores.

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Qual a resposta cardiovascular da variável duplo produto durante a realização de uma sessão de TRP ou musculação?

Inicialmente é preciso relembrar que é variável cardiovascular do Duplo Produto (DP) é advinda da multiplicação dos valores de FC e PA. O valor do DP é uma estimativa do trabalho do miocárdio, sendo proporcional ao consumo de oxigênio do mesmo durante o repouso e esforço. Em um estudo Araújo (1984) identificou que o valor do DP apresenta uma correlação de 0,88 com o consumo de oxigênio do miocárdio. Com esse resultado torna-se o melhor preditor indireto de carga de esforço do miocárdio. Os valores do DP serão de acordo com ao aumento significativo da intensidade e duração do exercício resistido e as condições ambientais.

A literatura tem demonstrado que caminhar rápido em um plano inclinado potencialmente causa maiores elevações do DP do que realizar uma sessão de TRP ou musculação a 80% de 1RM. Em um estudo Farinati  e Assis (2000) identificaram que o comportamento do DP depende mais do tempo de exercício realizado, ou seja, quanto maior o tempo de tensão muscular maiores os valores de DP. Os pesquisadores aplicaram nos indivíduos exercícios aeróbios, TRP com 20RM, TRP com 6RM e TRP com quilagem de 1RM. Observaram a relação hierárquica de: Repouso < 1RM = 6RM < 20RM < exercícios aeróbios.

Alguns dados da literatura analisando a intensidade do TRP, tem demonstrado que quando realiza-se exercícios resistido entre 60% a 80% de 1RM apresenta-se significativa preservação do DP.  Na análise das séries de exercícios, o estudo de Maior et al. (2009), aplicou três séries de 12 repetições com 70% de 12 RM e intervalo de três segundos entre cada repetições e, em um outro momento três séries de 12 repetições também a 70% de 12RM porém sem intervalo entre as repetições. Os pesquisadores não observaram diferenças estatisticamente significativas entre as duas formas apresentadas acima de esforço e até 50 minutos pós- esforço nos valores de DP.

Diante do apresenta acima no texto é preciso salientar que os valores do DP dependerão da característica da sessão de TRP, ou seja, dependerá da forma de manipulação das variáveis de volume e intensidade da sessão de TRP.

Seguidores, não percam a vídeo aula de hoje e visualizem as orientação do professor João Moura sobre a resposta cardiovascular aguda durante sessões de TRP ou musculação.

 

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